Opinião
Diversificar é desenvolver
Por João Neutzling Jr
Economista, Bacharel em Direito, Mestre em Educação, Doutorando em Sociologia, Auditor estadual, Professor e pesquisador
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O café era o principal produto da pauta de exportação do Brasil desde 1890 até meados do século 20. Em 1920, o café respondia por mais de 70% da receita cambial nacional.
Sobreveio a crise de 29 com o crack da bolsa de valores de Nova Iorque e o País mergulhou em uma depressão causada pelo corte de importação dos EUA e resto do mundo. O governo Vargas ordenou a queima do excedente de café armazenado para valorizar o preço do produto (keynesiano raiz!). Na época, o País era muito dependente da monocultura do café. A falta de diversificação de nossa base econômica (eminentemente agrária) foi um agravante da crise que se sucedeu.
O mesmo ocorre aqui no sul. A metade sul do RS sempre apresentou um atraso em relação à metade norte. Em 2000, a metade norte tinha 80% do PIB gaúcho enquanto a metade sul apenas 20% (Desigualdades Regionais No Rio Grande Do Sul: O Caso Da Metade Sul. Ilha, A. S. ; Alves, F. D.; Saravia, L. H. B. 2000).
Isso decorria do nosso perfil econômico baseado na pecuária extensiva e lavoura de arroz e soja. Enquanto o norte tinha base econômica industrial.
A recente ampliação da área cultivada de uva na região da campanha gaúcha (fronteira com o Uruguai) contribui bastante para a diversificação da base econômica regional. Em 2010 foi criada a Associação de Vinhos da Campanha que já tem 19 vinícolas associadas que produzem mais de cinco milhões de litros/ao ano. A região da serra gaúcha é baseada na pequena propriedade rural enquanto as produtoras da região da campanha têm um maior tamanho médio de propriedade o que permite ganhos de escala na produção.
Na região da campanha, mais de dois mil hectares são dedicados ao cultivo de uva. Sendo Santana do Livramento um polo regional na produção de uva finas.
A redução da área de pecuária e aumento das videiras tem diversificado a base econômica, aumento no lucro e contribui para a diluição do risco dos empreendimentos locais.
Por outro lado, o aumento da área de cultivo de oliveiras (azeitonas) nos últimos anos na região sul do RS tem gerado expressivo lucro aos produtores, bem como diversificação da produção e, igualmente, diluição do risco.
A produção nacional de olivas não chega a 1% dos quase 80 milhões de litros de azeite consumidos no Brasil. Ou seja, há, e muito, espaço para substituir o azeite importado pela produção doméstica.
O Rio Grande do Sul concentra 80% da produção nacional de azeite nos municípios de Piratini, Canguçu, Pinheiro Machado, Encruzilhada do sul, Caçapava do sul, entre outros, em um total de sete mil hectares em constante aumento.
A alta produtividade gaúcha foi obtida através de um bom manejo do solo com uso de Calcário, fosfato e potássio e outros corretivos.
A safra gaúcha está em torno de 450 mil litros/ao ano.
As condições econômicas são favoráveis pois o prazo de retorno do investimento é de cerca de oito anos (média). As árvores começam a produzir com 3,5 anos, atingem seu máximo de produção aos oito anos e podem ser produtivas até 50 anos.
E o azeite nacional segue acumulando prêmios de qualidade nos mais importantes concursos internacionais.
Diversificar a base econômica regional é um imperativo do desenvolvimento sustentado.
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